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sábado, agosto 30, 2008

Ardem maçãs na tarde


TARDE

Ardem maçãs na tarde aberta
sobre o pomar do teu passado

Conta quem foste Recomeça
com outros frutos o relato

Sejam romãs É uma festa
ir decifrar-te bago a bago

Conta em que tronco as tuas pernas
viram primeiro a luz de um rapto

Ou projectaram ser a hera
tocando frutos lá no alto

Conta quem foste Nunca 'squeças
que só em frutos te translado

David Mourão-Ferreira, in "Órfico ofício", Obra Poética, 5ª ed., Editorial Presença, 2006
Foto: Isabel Solano

2 comentários:

Tatá disse...

Nossa, que poema lindo!
Adorei o blog!

Abraços

isolano disse...

Obrigada, Tatá!