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domingo, março 08, 2009

Incauta


ÚLTIMO DE "TRÊS POEMAS PARA CECÍLIA MEIRELES"

Feliz corria. E incauta.
E o vento sua trança destrançava
enquanto um som de flauta
flutuava.

Quantos anos passaram para que
seu cabelo de ouro e espiga
se cobrisse de neve? Se
alguém o souber que diga.

Ou não diga. Para quê dizê-lo?
Se há algum cabelo ao vento
já não é o seu cabelo;

é o de outra menina incauta
que não sabe que cada esquecimento
tem escondido um som de flauta.

Sidónio Muralha, in Jorge de Sena, Líricas Portuguesas, vol. I, Edições 70, Lisboa, 1984
Foto: Isabel Solano

2 comentários:

Loca disse...

Lindo, nunca li Sidónio Muralha, tenho que espreitar. A foto está soberba.
:))

@Convida no flickr.

R de Regina disse...

Este blog é assim uma Isoluz.

re: adorei o comentário:
- anos para encontrar as cinco vítimas...lol

ah! conhece aquele tipo que muda o móvel da sala de lugar...está lá no flicrk:-)

boa semana***)