
escrevo-te das costas de um tempo amordaçado
quando ainda era pecado simplesmente sentir
e por isso a rosa se exilou do próprio cheiro
digo-te que hoje vejo abril em tons de cinza
que há um cravo a murchar de dor em cada mão
seca-se-me a voz, seca a caneta com que escrevo
e amachuco a folha que o vento já arrasta pelo chão
3/1/2008
Isabel Solano, in Entretextos, inédito, 2008.
Foto: Isabel Solano