Temos pela frente a estrada cinzenta da vida em curvas sinuosas
entra-nos sincopadamente pelo vidro da frente
e nela pomos os olhos para que nos guiem o volante
sem transbordarmos das fronteiras estreitas que nos impõe
Seguimos porém sem ver o caminho
porque os pensamentos se afastaram dos olhos em piloto [automático
e nessa estrada cinzenta estamos em todos os lados e em nenhum
já que a verdade é que não queremos ser
Aproxima-se o camião branco que nos faz abrandar a marcha
e a condução torna-se sonolenta como a música que o rádio cospe
já nem se sentem as curvas sinuosas também cinzentas
e temos de ser afinal deste lado
Bárbara Pais, in In Vida Veritas, inédito, 2007
Foto: Isabel Solano
Sem comentários:
Enviar um comentário