
Encontramos a praia deserta com os olhares fugidios
ensaiamos alguma conversa de mistérios abertos
na seriedade do momento musicado pelas ondas do mar
e pelos gritos das gaivotas tristes mas brancas
O silêncio está sempre ocupado mesmo quando não há palavras
portanto as reticências podem prolongar-se em suspiro longo
os pontos finais deitam-se ao abandono do ar fresco
e a manhã parece cheia de vazios repletos de sensações
As palavras vão ganhando agilidade ritmo alguma emoção
e os silêncios de mar calam brisas ainda frescas
as gaivotas alinham-se agora sentadas na areia molhada
enquanto batem os corações que as olham descompassados
Sentimos o ar tão quente que queremos ter asas também
voar contra o vento de penas leves em desalinho
sentimos longe as penas de ontem e ainda há pouco
o tempo parou em todos os relógios e nós deixamos
Bárbara Pais, In Vida Veritas, inédito, 2007
Foto: Isabel Solano
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