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sábado, novembro 17, 2007

As planícies (nos) ouvem


Às vezes falta um pouco o sol
nas planícies abandonadas às cegonhas
e ao vento

lamentam-se brisas
entre papoilas e espigas
desbotadas

De onde vêm todas as águas
que correm por baixo
das pontes arruinadas?

De onde vêm todos os gritos
mudos
de tantas bocas fechadas
à claridade
sem clarividências de ser
ou sequer estar?

As planícies abandonadas
às sombras de luz, pouca,
ouvem-nos
só elas nos ouvem ainda

Bárbara Pais, in In Vida Veritas, inédito, 2007
Foto: Isabel Solano

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