
(...)
Aqui nesta cripta está o relento,
branco e mole, criado
na escuridão e no silêncio. Branco e sem olhos.
Branco e mole, onde
se ouve o lento trabalho
das aranhas no fundo.
-Sentiste
o teu pensamento avançar
mais um passo
no silêncio?
Sentiste-o avançar no silêncio?
Dentro de cada ser ressurgem os mortos.
A noite com outras noites em cima.
Há como um assassinato de que
se não ouvem
os gritos.
O negro sol.
Lepra.
As canduras.
Só a água fala nos buracos.
(...)
Herberto Helder, in "Húmus", Poesia Toda, Assírio e Alvim, 1981
Foto: Isabel Solano
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