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domingo, novembro 11, 2007

Afago a rosa


voltaria a estender as minhas mãos à rosa afagos descendo os dedos pelo caule espinhos rasgando rasgos fundos longos desenhados o sangue a gotejar da minha carne sobre a terra rosa bêbeda rubra tinta voltaria a estender-lhe o olhar já ferido também pela cor de mim reflectida rosa escarlate e voltaria a deixar-me enterrar enleado na raiz fasciculada rede da rosa encarnada só as minhas mãos de fora da areia e terra misturadas mãos pintadas por ti no meu sangue e exangue já não sangraria rosa para ti outros dedos e mais dedos mais tivera rosa cega que a rosa sou eu com as mãos de fora

Rui de Morais, in Caminhante, inédito, 2007
Foto: Isabel Solano

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