
só nos descobrimos completamente
com o que alguém reflecte de nós
alguma ciência do adeus repete-se
sempre que cada dia chega ao fim
por isso quero tanto sobrepor à morte
tudo quanto tem vida um brilho
como os que vou conhecendo e amparo
passando calmamente aqui à frente
deixando o tempo ao lume a aquecer
nem eles sabem os encantos que têm
e é assim que ouço mais vozes
que ardentemente procuram
o amor
onde está que é feito dessas letras simples
há tantas coisas complicadas cheias de nada
e morrem morrem os últimos românticos
um a um caem ou deixam-se abater
calam-se as suas músicas apagam-se as letras
tenho pena e as saudades congelam
ao ritmo a que secam os campos sem chuva
(...)
Pedro Strecht, in "Escrevo-te e é tudo", 1979 Outros Poemas, edição de autor, 2002
Foto: Isabel Solano
1 comentário:
Vim novamente.
Uma boa leitura para meu anoitecer.
Fico um pouco aqui e agora.
Boa noite.
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