
Hoje há tempestade
nestas folhas vai vendaval de letras
pontuação à solta revolta
misturam-se os meus cabelos
nas frases emaranhadas
as ideias nos dedos às voltas
Hoje há tempestade
desfolham-se os pássaros
morrem as árvores em quedas
disparatadas impedindo estradas
e na enxurrada correm restos
de vidas destroçadas
Hoje há tempestade
folheio livros antigos
revejo todos os sonhos idos
peso a alma enquanto chove
entre os trovões que estalam
tenho-me apaziguada
Hoje há tempestade
é lá fora que anda
a mim não me estorva nada
Bárbara Pais, in Não Sei Falar de Mim, inédito, 2008
Foto: Isabel Solano
1 comentário:
Preciosa foto para este texto lindo.
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