sei um jeito de te fazer ficar
murmuravas nas manhãs em que nascíamos
ávidos de nós
e éramos tão novos
e faltávamos às aulas
posso ter esquecido admito muita coisa
caminhos promessas lugares a cor
da saia que vestia no dia em que não voltei
muita coisa admito menos
a concha perfeita das tuas mãos sobre o meu peito
o cheiro das laranjeiras as cartas
em papel tão adolescente e azul
o esplendor de junho à mesa familiar
os espelhos garantindo-nos um lugar único na casa
posso ter esquecido admito muita coisa
menos os nossos corpos simultâneos
às portas do amor
no arco da minha pele que humidamente
se abria ao lume da tua língua
nessas manhãs em que jurámos
não morrer nunca
Alice Vieira, in Dois Corpos Tombando na Água, Caminho, 2007
Foto: Isabel Solano
1 comentário:
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