
Olho a janela
onde nascem cogumelos
sob dedos
que teceram rendas brancas
há mãos que moram nela:
mãos prendas
de um tempo que foi
mãos de hoje
do artesão
que ainda há pouco lá passou
e neste outro tempo em que vejo
- tempo só de cogumelos
sob dedos de rendas
para lá de transparências
tudo na mesma janela -
deixo os meus olhos nela
trago as mãos
para que teçam
entreteçam
sons de palavras
sem rendas
brandas
talvez brancas
Bárbara Pais, in Quase Entrecho, inédito, 2008
Foto: Isabel Solano
1 comentário:
Palavras brotam nesta página.
São palavras acalentadas, buscadas com leveza.
No aguardo do momento adequado.
E a imagem que percebe e anexa a palavra.
Obrigada Isabel, por compartilhar sua busca conosco.
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