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quarta-feira, janeiro 23, 2008

Valha-nos pois a katharsis, que a tragédia recomeça dentro de momentos

A katharsis faço-a eu, pelas palavras de Ana Luísa Amaral. Uma tragédia bem familiar e eu a gostar demais disto.
A fotografia fui fazê-la de propósito, dei-me conta de que os meus momentos fotográficos são sempre oferecidos a Hybris... merecidamente, depois de todo o pathos quotidiano.



ANANKÉS (OU PARCAS, OU MOIRAS)

As coisas todas que tenho que fazer
ficam de fora: agora
a hora é de prazer: um verso satisfeito
um olhar devagar

...e os colarinhos da tua camisa
a apontar-me o dever

Era preciso
os colarinhos tão simétricos? Era preciso
o beige da camisa, os vincos da presença,
o bolso descosido a pedir
linha?

Era mesmo preciso esta
tragédia?

Ana Luísa Amaral, in "imagens", Coisas de Partir, Gótica, 2001
Foto: Isabel Solano

1 comentário:

R de Regina disse...

Vim aqui para agradecer o texto primoroso que deixou nas Folhas.
Preciso, afiado,certeiro.
E aí encontro esta postagem.
Vou reler.
Vou reler.
Isabel por descobrir e ser generosa em dividir conosco,muito obrigada de coração.