
Amanhã
se quiser
à porta da perfumaria
não, espere, da relojoaria
- que a perfumaria não pode ser! -
da relojoaria, a do toldo cinza
onze e trinta e cinco
Vemos as horas na montra
verificamos, acertamos ponteiros
estamos com os sorrisos costumeiros
ou como queira, mas convém saber
saber primeiro
antes de estar
Anoto na agenda
para não esquecer
convém escrever
Quem chegar primeiro
quem chegar depois
caminha ao encontro
devagar, sem pressas
Anoto na agenda
onze e trinta e cinco
devagar, convém escrever
para não esquecer
Combinamos já
o que vamos dizer?
Seria melhor
não há tempo a perder
ponteiros certos
onze e trinta e cinco
à porta da relojoaria
Janeiro/2007
Rui de Morais, in Do Riso da Insónia, inédito, 2007
Foto: Isabel Solano
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