Campo de Ourique
à hora em que a luz
é ouro nos carris
e os eléctricos
passam cheios
avós devolvem os netos
aos pais cansados
e os pombos mais uma vez
esvoaçam assustados
entre fumos de automóveis
e ruído de autocarros
Campo de Ourique
em hora de tempo
que corre parado
e de gente apressada
sem saber de quê
duas velhas trocam conversas
velhas conversas de bairro
e o par de namorados
no banco do jardim
troca beijos e promessas
de amanhã voltar ali
Campo de Ourique
à hora de sempre
23/05/2008
Isabel Solano, in Entretextos, inédito, 2008.
Foto: Isabel Solano
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