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domingo, setembro 28, 2008

Utopia


UTOPIA

Um querer viver tudo e não poder,
por tanto tempo em nada transformado
se ter assim escapado pelo passado.
Quanta promessa de amanhã fazer...

Como a semente, ao ser lançada ao chão,
Dar a vida pela vida, até à morte,
Florescer só quando chega a noite
do tempo que fez ser jovem em vão.

Desejo inútil de mais caminho haver!
Se o mundo ainda está por conhecer,
é absurdo partir quase à chegada.

Resta a certeza, agora já tardia,
de tanto desejo ser utopia.
De tudo querer viver ser viver nada.

Bárbara Pais, in Bárbara Pais, Isabel Solano, Luísa Veríssimo e Rui de Morais: Poemas Sem Data, inédito, s/d
Fotografia: Isabel Solano

1 comentário:

Anónimo disse...

Querida professora,
gostei muito do seu blog! As fotografias são lindas e os poemas que as acompanham são uma bela reflexão da imagem.
Esta captou a minha atenção por ser fora do comum e porque adorei o poema.
Fazer com que uma fotografia nos "fale" é muito difícil, mas a professora consegue pôr alma nas palavras que cada fotografia nos transmite.
Com um beijinho,
Sara Filipe