
MINUTO
O amor? Seria o fruto
trincado até mais não ser?
(Mas para lá do prazer
a Vida estava de luto...)
Fui plantar o coração
no infinito: uma flor...
(Mas para lá do fervor
a Vida gritou que não!)
O amor? Nem flor nem fruto.
(Tudo quanto em nós vibrara
parecia pronto a ceder...)
Foi apenas um minuto:
a fome intensa, tão rara!,
de ser criança, ou morrer...
David Mourão-Ferreira, in Jorge de Sena, Líricas Portuguesas, II Volume, Edições 70, 1983.
Foto: Isabel Solano
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