
MÁQUINA DO MUNDO
O Universo é feito essencialmente de coisa nenhuma.
Intervalos, distâncias, buracos, porosidade etérea.
Espaço vazio, em suma.
O resto, é a matéria.
Daí, que este arrepio,
este chamá-lo e tê-lo, erguê-lo e defrontá-lo,
esta fresta de nada aberta no vazio,
deve ser um intervalo.
António Gedeão, in Jorge de Sena, Líricas Portuguesas, vol. I, Edições 70, Lisboa, 1984
Foto: Isabel Solano
6 comentários:
Li o texto
Corri o olhar por toda a página e reencontrei o que escreveste sobre a paixão pelas letras.
Deixo para ti estas palavras emprestadas,porque só os apaixonados receberiam este versos que emprestei
Beijos
Escuta, escuta: tenho ainda
uma coisa a dizer.
Não é importante, eu sei, não vai
salvar o mundo, não mudará
a vida de ninguém - mas quem
é hoje capaz de salvar o mundo
ou apenas mudar o sentido
da vida de alguém?
Escuta-me, não te demoro.
É coisa pouca, como a chuvinha
que vem vindo devagar.
São três, quatro palavras, pouco
mais. Palavras que te quero confiar,
para que não se extinga o seu lume,
o seu lume breve.
Palavras que muito amei,
que talvez ame ainda.
Elas são a casa, o sal da língua.
Eugénio de Andrade
Obrigada, minha amiga!
São lindas estas palavras!
Eugénio de Andrade foi um fantástico poeta português. Me agrada demais ler gente como você, Isabel, como a Chiara Luna reverenciando este poeta.
Parabéns pelo bom gosto.
beijos para as duas...
Obrigada, Rangel, e sei que posso aqui agradecer também por Chiara.
Eu peço-lhe desculpa, mas este poema não é do António Gedeão (Rómulo de Carvalho)?
Independentemente, é lindíssimo.
Claro que é de António Gedeão!
A tag estava correcta. Fiz copy & paste de uma referência da mesma antologia e depois esqueci-me de substituir o autor.
Obrigada pelo reparo!
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