
Dos teus dedos, quando tocam teclas de água,
Escorre um rio que lava as minhas lágrimas
E me devolve os sonhos que quis ter um dia
Presentes, vivos, num rodopio tonto de euforia
Dos teus dedos, quando acordam calmarias,
Desprendem-se em cascata todas as fantasias
E rolam revoltas as minhas ideias – tão soltas –
Por entre os seixos dóceis e os juncos complacentes
Nos teus dedos me perco e encontro o curso fluido
Transparente, da minha alma que pensava ausente
29.11.2009
Isabel Solano, in Sem nós na garganta, inédito, 2009.
Foto: Isabel Solano
5 comentários:
Seja bem vinda! Gostei muito desta poesia, já me perguntava quando nos voltaria a brindar com os seus textos que muito aprecio.
Um abraço
Paula
Muito obrigada, Paula!
Forte abraço
Que bela imagem em forma de versos! Mãos, dedos provocam realmente os sentidos...
Fazia algum tempo que eu não passava por aqui. Voltei e, mais uma vez, deliciei-me.
Abraços!
notas de cravo
a rangerem barrocas no sobrado
e a paisagem a turvar-se de nenúfares
e asas de pássaros mortos
que fios tecem o poema
quando se esgotam as palavras
e do movimento dos lábios só nascem gestos indecifráveis
a moldarem a espessura do vento
de declinações silenciosas
(desusadas locuções latinas na malha gótica dos dias)
e a rima da chuva a insistir a insistir a insistir
a tamborilar-me insistências rebuscadas
esquecidas
(este frio nos ombros)
que aconchego crepita ainda no teu abraço?
jorge casimiro
21.10.2009
Belíssimo, Jorge Casimiro!
Enviar um comentário