Poesia lusófona e fotografia: Bárbara Pais, Isabel Solano, Luísa Veríssimo, Rui de Morais e todos os Mestres
quinta-feira, abril 14, 2011
Faz-se luz
Faz-se luz pelo processo
de eliminação de sombras
Ora as sombras existem
as sombras têm exaustiva vida própria
não dum e doutro lado da luz mas no próprio seio dela
intensamente amantes loucamente amadas
e espalham pelo chão braços de luz cinzenta
que se introduzem pelo bico nos olhos do homem
Por outro lado a sombra dita a luz
não ilumina realmente os objectos
os objectos vivem às escuras
numa perpétua aurora surrealista
com a qual não podemos contactar
senão como amantes
de olhos fechados
e lâmpadas nos dedos e na boca
Mário Cesariny, in Pena Capital
Foto: Isabel Solano
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7 comentários:
Gosto muito.
Beijo
... como se pode não gostar?
beijo.
Lindíssima....
Bêjos
Que lindo.. Adorei !!!
ótima semana !!
Que leveza... O conjunto todo,o poema,a música e a poetisa...
Abraços.
Tudo existe e inexiste. O vento existe e não existe, só o sentimos mas não tem formação. Certos sons inaudíveis, ouvidos somente por ouvidos de cão. O infravermelho do controle remoto. Até as cores não tem vida realmente, só ganham vida quando percebidas. Quem tem olhos prá ver que o veja, quem tem sensibilidade vai além da claridade.
Ir, desculpe, acho que tentei escrever um poema em vez de dar uma opinião, foi sem querer. Poema muitíssimo interessante o seu. Belo jogo de imagens luz/sombra. bela metáfora, elegante. Te seguindo.
http://apoesiaestamorrendo.blogspot.com.br/
"As sombras têm exaustiva vida própria."
Verdade!
Lindo poema!
Bjs.
Inês
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